O potencial terapêutico dos óleos naturais: a sustentabilidade a encontro da medicina

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Uma amostra das vantagens da fitoterapia na medicina veterinária, com a produção sustentável de óleo de orégano no tratamento da mastite bovina, que promove a saúde animal com impacto positivo na produção leiteira e respeito ao meio ambiente.

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Óleos essenciais obtidos de plantas convencionais podem ser utilizados na prevenção de mastite bovina (inflamação na glândula mamária).

Muito antes do desenvolvimento da ciência, as plantas eram utilizadas pelo homem no tratamento de doenças, seja através de chás, curativos, ou outras formas de consumo. A utilização de algumas plantas como fármaco, ocorre devido a sua capacidade de cicatrização de feridas ou pela habilidade de inativar algumas linhagens de micro-organismos. Tal potencial permitiu a inclusão de diversos fármacos naturais na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde (RENISUS), como exemplos, castanha-da-Índia, cajueiro, bardana, calêndula, pau-ferro, guaçatonga, copaiba entre outros1,2.

Com o desenvolvimento da ciência, o uso de plantas para fins terapêuticos tornou-se consolidado e passou a ser chamado de “Fitoterapia”, criando um elo entre a saúde, o mercado farmacêutico e a sustentabilidade. Essa modalidade de tratamento se enquadra na “química verde”, por se tratar de medicamentos extraídos de fontes naturais que não causam danos ao meio ambiente.

Planta de orégano

Como é possível produzir um medicamento fitoterápico a partir dos óleos essenciais extraídos das plantas?

Extratos vegetais e óleos essênciais com potencial terapêutico podem ser obtidos de uma grande diversidade de plantas. Cada espécie de vegetal apresenta componentes específicos (os fármacos) com efeitos diversos tais como, cicatrizante, antifúngico e bactericida. Então, para que seja possível a obtenção dos princípios ativos das plantas, é realizado um processo de hidrodestilação, no qual a planta é aquecida até que o óleo essencial seja extraído. Em seguida, o óleo essencial extraído pode ser utilizado no estado natural ou incorporado em uma base farmacêutica, geralmente composta por misturas de polímeros bioadesivos. Este processo de incorporação permite que a liberação dos fármacos (princípio ativo) ocorra de forma lenta e constante na região aplicada. A formulação obtida pode ser classificada como creme, pomada ou emulgél (gél a base de emulsão).

O desenvolvimento de novas formulações fitoterápicas requer uma série de estudos e ensaios físicos e químicos. Essas análises irão fornecer dados a respeito das propriedades mecânicas e reológicas, que permitem prever o comportamento da formulação durante a produção, transporte e administração na pele. Além disso, estudos de estabilidade química e temporal (prazo de validade do produto), também são realizados. Sendo assim, os medicamentos fitoterápicos passam por um longo caminho até chegar com segurança ao consumidor.

Sistema de hidroestilação

Atualmente, o Núcleo de Pesquisa em Terapia Fotodinâmica e Nanomedicina, da Universidade Estadual de Maringá (Paraná, Brasil), têm estudado diferentes formulações contendo óleos essenciais e resinosos, aplicados na prevenção de mastite bovina (inflamação na glândula mamária) e tratamento de pododermatite em coelhos (ferida na pata). Dentre os diversos fármacos naturais estudados, o óleo de orégano tem se destacado na prevenção de novos quadros de mastite bovina. Este óleo extraído de uma especiaria culinária devidamente formulado em polímeros bioadesivos, têm apresentado bons resultados in vivo. Além disso, este fitoterápico apresenta vantagens quando comparados com tratamentos empregados convencionalmente em propriedades leiteiras. Usualmente para prevenção de mastite bovina é utilizado iodo glicerinado, produto que pode gerar resíduos tóxicos no leite produzido e contaminar o meio ambiente3,4.

Procedimento - Parte A
Procedimento - Parte B
Procedimento - Parte C

A substituição de produtos convencionais por formulações contendo óleo essencial de orégano promove a segurança alimentar, a ausência de quaisquer composto prejudicial à saúde e o contribui para redução do impacto ambiental da produção de leite (contaminação do solo, ar e mananciais de água). Essa etapa da pesquisa está sendo realizada em colaboração com a Equipe de Estudos em Qualidade de Alimentos e Microbiologia (EEQUAM-UEM).

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Para mais informações:

  1. Ministério da saúde. Plantas Medicinais de Interesse ao SUS – Renisus. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sctie/daf/pnpmf/ppnpmf/arquivos/2017/renisus1.pdf Acesso: 17/07/2022.
  2. Campanholi KSS; Silva Junior RC, Braga G, Morais FAP, Balbinot RB, Caetano W. Minireview about Medicinal Copaiba Oil in the Treatment of Skin Diseases. Journal of Dermatology and Skin Science, v. 4, p. 1-6, 2022.
  3. Castro SIB, Berthiaume R, Laffey P, Fouquet A, Beraldin F, Robichaud A, Lacasse P. Iodine concentration in mil sampled from Canadian farms. Journal of Food Protection, v. 73(9), p. 1658-1663, 2010. doi:10.4315/0362-028x-73.9.1658
  4. Farebrother J, Zimmermann MB, Andersson M. Excess iodine intake: sources, assessment, and effects on thyroid function. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 1446(1), p. 44-65, 2019. doi: 10.1111/nyas.14041.


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