Educação ambiental para a conservaçãodos morcegos

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Os morcegos representam um grupo de animais que faz parte do imaginário das pessoas. Em geral, são temidos, contudo, indiscutivelmente, despertam grande curiosidade ao público, independente da faixa etária. Cercados por mitos e lendas envolvendo mau agouro, bruxaria e vampiros, esses animais, muitas vezes, são considerados perigosos. Boa parte deste temor está associado ao pouco conhecimento sobre a importância do grupo em um contexto ambiental

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Cerca de 25 % das espécies de mamíferos existentes em todo o globo são morcegos. Já foram descritas mais de 1300 espécies e, deste total, apenas três se alimentam de sangue. As demais podem consumir frutos, nectar, pólen, folhas, insetos e outros pequenos animais, inclusive peixes.

Muito comuns em florestas, os morcegos desempenham importantes funções ao ambiente. Na Mata Atlântica, um ecossistema quase totalmente destruído, os morcegos interagem com diversas espécies de animais e vegetais, o que lhes confere importante papel para a manutenção dos diferentes processos ecológicos, recebendo destaque na polinização, na dispersão de sementes e na predação de insetos e outros animais.

Considerando a polinização, já foram estudadas mais de 500 espécies de plantas polinizadas por morcegos. A dispersão de sementes é também realizada em grandes proporções por esses animais, essenciais à manutenção e à regeneração natural das florestas, atuando como semeadores noturnos. Muitas dessas plantas dispersas ou polinizadas são importantes economicamente para o homem, tanto do ponto de vista alimentar como ornamental.

Bats

Várias espécies de morcegos atuam no controle natural das populações de insetos. Alguns morcegos podem comer quantidades correspondentes a uma vez e meia o seu peso em uma só noite. Alguns grupos de insetos predados pelos morcegos são daninhos às lavouras ou podem ser transmissores de doenças ao homem e animais domésticos.

A revista Proceedings of the National Academy of Science publicou, em 2015, sobre os benefícios que morcegos trazem ao mundo, quantificados em cerca de US$ 1 bilhão. Isso porque várias espécies que comem insetos ajudam a manter sob controle pragas que destroem plantações de milho (além de outras culturas). Os pesquisadores chegaram a essa conclusão baseados em experimentos para avaliar a importância econômica e ecológica desse mamífero noturno para os agricultores. Segundo os pesquisadores, a supressão de pragas agrícolas, graças a estes morcegos, tem um valor global superior a US$ 1 bilhão, levando em conta apenas o cultivo de milho. Tal cifra, não leva em consideração "a redução no uso de pesticidas nas plantações, já que os morcegos podem dar a agricultura um serviço valioso adicional ao reduzir as populações de insetos abaixo do limiar em que pesticidas seriam necessários".

Então, somando os pontos que geram temor aos aspectos positivos e à curiosidade que os morcegos despertam, desde o ano de 2004, o GEEMEA – Grupo de Estudos em Ecologia de Mamíferos e Educação Ambiental da Universidade Estadual de Maringá vem realizando ações em Maringá e região para toda a comunidade, de modo a desmistificar esses animais, verdadeiros heróis da natureza.

As atividades são muito variadas e têm envolvido alunos de graduação e pós-graduação que desenvolvem projetos em diferentes assuntos sobre os morcegos, mas que compreendem a necessidade de que as informações sejam traduzidas em uma linguagem acessível ao público, independente do grau de instrução.

Norteados pelo projeto “Educação Ambiental para a Conservação dos Morcegos”, o GEEMEA já realizou, além de palestras e cursos em escolas e universidades, atividades, como:

O dia do morcego

O evento tem ocorrido, anualmente, desde o ano de 2013, na praça da igreja matriz de Maringá, e contempla atividades diversas, como exposição de materiais visuais diversos, rodas de conversa, atividades lúdicas (desenhos, brincadeiras, pintura facial) e atividades culturais (música e dança). Desde a sua primeira edição, o dia do morcego tem contado com o apoio do pároco da catedral, que, além de auxiliar na divulgação, tem permitido o ingresso de nossa equipe com um morcego vivo para apresentação à comunidade paroquial. Um discurso positivo sobre morcegos dentro da igreja desconstrói toda uma história negativa de associação desses animais ao mal. Pelo menos mil pessoas participam do dia do morcego.

Noite dos morcegos

O evento, em 2016, teve sua segunda edição e representa uma atividade pouco comum à comunidade, ou seja, a entrada em uma área de mata à noite. Este é um projeto em parceria com a prefeitura, que contempla informação e entretenimento, já que os 400 visitantes podem adentrar no Parque do Ingá, participar de uma mini palestra e, em seguida, percorrer uma trilha paraconhecer o trabalho dos biólogos e observar algumas espécies de morcegos do parque (Fig. 1). Por fim, assistem uma apresentação cultural preparada por um grupo de estudantes dos colégios de Maringá, que atuam no grupo desde 2013, conhecidos como GEEMEA JR.

GEEMEA JR.

Corrida Noturna

No ano de 2015, em parceria com a UNIMED, o jornal O Diário e outras empresas, foi realizada a etapa Meio Ambiente do Circuito de Corridas Maringá Running, que teve como tema os morcegos, dada a importância desses animais em um contexto ambiental. Cerca de nove mil pessoas estiveram presentes no evento.

MorcegAção

A proposta do projeto é levar informações sobre morcegos para crianças de um jeito lúdico. São atendidos grupos de diferentes origens, como o caso da associação de docentes da UEM e de colônias de férias do Museu Dinâmico Interdisciplinar (MUDI). Além de crianças, o projeto conta com a participação dos pais. Entre as atividades, estão: aula sobre a “vida dos morcegos”; caça ao tesouro na companhia do Batman; confecção de máscaras; pintura facial; e revoada de morcegos.

Além disso, o GEEMEA interage com a comunidade no Facebook, nas visitas às residências e no MUDI, local em que, para o ano de 2017, será montada uma réplica de caverna, de modo que as pessoas possam conhecer a realidade de morcegos cavernícolas, bem como as interações desses com tal ambiente.

Ao longo dos doze anos do GEEMEA temos, seguramente, observado o efeito transformador da educação ambiental, com nítida melhoria, em termos de informação e convivência da sociedade e da região frente aos morcegos. Mas ainda há muito a ser feito. Temos atuado para tornar esses animais cada vez mais populares, de um jeito positivo. Aliás, uma sociedade esclarecida deve respeitar os elementos da natureza sem preconceitos e incluir não apenas animais do agrado convencional.

A veiculação apropriada do conhecimento hoje disponível sobre os morcegos pode permitir a redução dos aspectos negativos e a exploração dos positivos, com ênfase aos benefícios que os morcegos oferecem à natureza e ao homem. A veiculação de informações efetivas à sociedade, como resultado de um processo interativo, pode permitir uma gradual convivência harmônica entre homens e morcegos. Nós acreditamos nisso.

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