Em qualquer lugar com acesso à Internet, é comum parar para responder uma mensagem no WhatsApp, confirmar uma reunião de trabalho, ler uma notícia sobre uma guerra internacional, pular para um meme sobre um político local, assistir um vídeo de um influencer quem pode falar tanto de seu esporte favorito quanto de um problema ambiental. Apesar da lacuna tecnológica com raízes sociais1 existente em países de regiões como a América Latina, é evidente que a web, as redes sociais e as constantes inovações da era digital —como o auge das aplicações de inteligência artificial— mudaram e continuam alterando o ritmo e a forma como muitos de nós nos relacionamos, trabalhamos, informamos e educamos.
Com o mar de estímulos e efeitos, mediados pela hiperconectividade2, somos conduzidos a múltiplos desafios sociais e individuais. Administrar o tempo e a atenção para evitar a procrastinação; diminuir a ansiedade que pode ser causada pelo aumento da dopamina pelo uso do celular; diferenciar a informação falsa da verdadeira; compreender os interesses políticos por trás de tendências como a polarização política; mitigar a perda de vagas de trabalho pelo avanço tecnológico; ou manter a sociedade unida, são alguns desses desafios. Com isso, há uma disputa constante sobre o que vamos assistir ou ler, ou como vamos interpretar e sentir.
E assim, de acordo com o sociólogo e filósofo Zygmunt Bauman, vivemos em um contexto de modernidade líquida global3, que reflete uma transformação contínua e instável nos âmbitos tecnológico, mental, econômico, político, ambiental e cultural. Neste cenário, é preciso reconhecer que aquilo que ganha atenção é também responsabilidade das instituições e dos atores vinculados à produção e circulação de dados, informações e conhecimentos.
Para isso, é vital aceitar que não basta mais abordar a busca pelo verdadeiro ou pelo mítico a partir de uma perspectiva disciplinar ou evangelizadora. Decisões em várias escalas sobre meio ambiente, educação, saúde ou identidade são temas nos quais, por exemplo, as ciências, a arte, a filosofia, a história e a comunicação podem contribuir em conjunto. Assim, a promoção do diálogo aberto entre diferentes conhecimentos e saberes, de forma integrada que busca quebrar divisões e esclarecer as conexões, redes e interesses que influenciam a construção dos discursos, se converte em um compromisso social e político coletivo e compartilhado.
Nesta perspectiva, a Revista Bioika mudou a frequência de publicações, e agora tem uma edição contínua, buscando contribuir a construção de diálogos socioambientais. Esta mudança é também um reconhecimento aos que não vivem hiperconectados; que, também representam suas visões comunitárias, por meio de líderes e atores sociais que propõem alternativas para a construção de um mundo menos desigual e mais sustentável. Estes olhares permitem reconhecer dimensões culturais críticas, necessárias para consolidar a pesquisa como uma forma de coabitar através da curiosidade, da consciência e da solidariedade.
Convidamos você a conhecer e acompanhar a Revista Bioika! Entre em contato com a gente pelo email editorial@revistabioika.org para tirar suas dúvidas, compartilhar suas ideias, enviar suas propostas para a edição 2024! Agora, as publicações serão frequentemente atualizadas.
Conheça as seções e envie suas propostas em: https://revistabioika.org/pt/submissoes/
Referências
- Martín Barbero, J. (2010). Comunicación y cultura mundo: nuevas dinámicas mundiales de lo cultural. Signo y pensamiento, 29(57), 20-34. http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0120-48232010000200002&script=sci_arttext&tlng=es
- Quan-Haase, A., Wellman, B., Witte, J. C., & Hampton, K. N. (2002). Capitalizing on the net: Social contact, civic engagement, and sense of community. The Internet in everyday life, 291-324. https://www.academia.edu/download/40218599/Capitalizing_on_the_Net_Social_Contact_C20151120-28699-1ayf81t.pdf
- Bauman, Z. (2013). Culture in a liquid modern world. John Wiley & Sons. https://books.google.com.co/books?id=R45A92rFu8AC&lpg=PT5&ots=wYMtfHFib0&dq=Culture%20in%20the%20world%20of%20liquid%20modernity&lr&hl=es&pg=PT5#v=onepage&q=Culture%20in%20the%20world%20of%20liquid%20modernity&f=false
- Wired. (s. f.). Burnout empuja a trabajadores a usar IA aunque jefes ni se enteren. Recuperado de https://es.wired.com/articulos/burnout-empuja-a-trabajadores-a-usar-ia-aunque-jefes-ni-se-enteren