Esta doença é ocasionada por um vírus da família Flaviviridae, transmitido pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes que picam principalmente macacos de diversas espécies e propagam o vírus para outros macacos (início dentro das florestas). Periodicamente ocorrem pequenos surtos em populações humanas: ribeirinhos e ecoturistas que vivem em áreas próximas às matas. Contudo, dessa vez a doença está atingindo pequenas cidades rurais e a preocupação é que, depois de mais de 70 anos, atinja novamente a área urbana onde o vetor do vírus é o mosquito Aedes aegypti, mesmo transmissor das doenças dengue, zika e chikungunya. Apesar da ampliação das vacinas em algumas áreas, a doença continua avançando e especialistas relatam que o aumento de surtos na população humana pode estar relacionado à degradação ambiental.
A destruição das florestas deixa os macacos isolados em fragmentos, onde esses animais não têm contato com indivíduos de outros locais e acabam se reproduzindo apenas com parentes próximos. Nessa situação eles se tornam muito parecidos geneticamente e frágeis à exposição ao vírus, e desta forma, quando ocorre um surto da doença as populações de macacos são praticamente dizimadas. Este fato pode explicar as centenas de macacos encontrados mortos atualmente em várias regiões, levando inclusive os bugios-ruivos (Alouatta guariba guariba) à grande ameaça de extinção. Além do fator genético, o ambiente degradado pode acarretar em perda de indivíduos e de espécies (perda da biodiversidade), visto que poucas espécies sobrevivem em condições ambientais inadequadas. Assim, os mosquitos encontrando número menor de macacos nos fragmentos florestais, buscam sangue humano ou de qualquer outro mamífero, contribuindo para a disseminação da febre amarela.
Além disso, há evidências de que a doença está “caminhando na paisagem” (os surtos não se iniciaram simultaneamente em todos os locais), indicando que provavelmente os humanos doentes assintomáticos – maioria das pessoas infectadas – e os mosquitos estejam desempenhando papel de dispersores do vírus, pois estes apresentam maior capacidade de dispersão do que os macacos. Vale ressaltar que, por serem muito sensíveis, os macacos são os primeiros a morrer no início dos surtos, portanto a morte desses animais indica a região onde o vírus está presente, o que pode servir de alerta à população humana.
Nesse contexto, o desequilíbrio dos ecossistemas gerado pela fragmentação de florestas pode interferir diretamente na saúde da população humana. Por outro lado, a preservação de ecossistemas íntegros garante o equilíbrio e a saúde das populações de animais silvestres, e consequentemente, evita que o vírus da febre amarela e outras doenças silvestres atinjam a área urbana. A preservação de florestas está relacionada à resultados de longo prazo e tem relevante importância para a manutenção da saúde das populações envolvidas. Como medida emergencial destaca-se a necessidade de maior cobertura vacinal da população humana, visto que atualmente a vacina é a principal forma de controle da doença.
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Para mais informações:
- https://www.youtube.com/watch?v=JR OPMURrucI&feature=youtu.be
- http://g1.globo.com/bemestar/febreamarela/noticia/ministerio-da-saudeconfirma-574-casos-de-febre-amarelano-brasil.ghtml
- http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/n oticia/2017-01/especialistas-investigamrelacao-entre-febre-amarela-edegradacao-ambiental
- https://www.nexojornal.com.br/express o/2017/01/29/Qual-%C3%A9-arela%C3%A7%C3%A3o-entredegrada%C3%A7%C3%A3o-ambiental-eo-surto-de-febre-amarela
- http://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/1 6/politica/1484595238_183819.html
- http://oglobo.globo.com/sociedade/sau de/a-febre-que-silencia-as-florestas- 20873202
- http://oglobo.globo.com/sociedade/sust entabilidade/primata-pode-sumirdevido-surto-de-febre-amarela- 21189462
- http://jornal.usp.br/atualidades/estabili zacao-do-surto-de-febre-amareladepende-de-maior-vacinacao/