Um grito pela estabilidade do planeta: a crise ambiental causada por escolhas humanas

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Um olhar para a origem da crise ambiental, nosso estilo de vida e a importância de uma abordagem integradora para políticas públicas eficientes



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A superexploração dos recursos naturais está causando o esgotamento progressivo dos ecossistemas da Terra. Esta imagem nos lembra da urgência de adotar práticas sustentáveis para proteger o planeta e garantir seu bem-estar para as gerações futuras.

A crise ambiental é um problema complexo e urgente que exige uma resposta global e comprometida. Os efeitos das mudanças climáticas, da poluição, do desmatamento e da perda de
biodiversidade estão cada vez mais evidentes e ameaçam o bem-estar do nosso planeta e nosso futuro. Mas antes de tudo, precisamos entender: como surgiu essa crise ambiental?

Um dos principais desafios para lidar com a crise ambiental é compreender sua origem. Ela deriva da relação entre os seres humanos e o meio natural, e existe desde que passamos a intervir intensamente na natureza — como ocorreu com o uso do fogo na era Paleolítica. O agravamento dessa crise está relacionado ao crescimento populacional excessivo e ao uso insustentável das inovações tecnológicas1, 2.

Muitos estudiosos acreditam que a crise ambiental se intensificou com a globalização. Mas será que a expansão dos modelos econômicos globais está realmente ligada ao problema ambiental?

Indústrias ativasnaturais, frequentemente liberando emissões e resíduos que afetam a qualidade do ar, da água e dos ecossistemas. A gestão ambiental responsável e o uso de tecnologias limpas são essenciais para minimizar esses impactos./ Imagem: Marcin Jozwiak

A globalização, entendida como a intensificação da interconexão econômica, política, cultural e social em escala mundial, teve um impacto significativo sobre o meio ambiente. Embora tenha trazido alguns benefícios — como a transferência de tecnologias verdes e a cooperação internacional em questões ambientais —, também gerou uma série de efeitos negativos e crises ecológicas3.

A relação entre os modelos econômicos e a crise ambiental pode ser rastreada em eventos específicos de décadas atrás4. Contudo, nas últimas décadas temos testemunhado a intensificação de fenômenos que evidenciam a fragilidade do planeta e a urgência de soluções que enfrentem as causas profundas dessa crise. Essas causas são múltiplas e complexas, mas derivam de padrões de consumo insustentáveis, práticas industriais irresponsáveis e um modelo de desenvolvimento baseado na exploração ilimitada dos recursos naturais5, 6.

Atividades como o desmatamento descontrolado, a agricultura intensiva, a urbanização acelerada, a extração de combustíveis fósseis e a poluição do ar, da água e do solo estão contribuindo para o avanço do colapso ambiental. 

Além disso, as mudanças climáticas induzidas pelo ser humano agravam ainda mais os problemas ambientais, provocando fenômenos extremos como furacões, secas, enchentes e ondas de calor — que colocam em risco a vida e os meios de subsistência de milhões de pessoas em todo o mundo. A queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a atividade industrial são as principais fontes de emissões de gases de efeito estufa, alterando o equilíbrio climático do planeta e ameaçando a estabilidade dos sistemas naturais e socioeconômicos.

Lixões eletrônicosrefletem as consequências do consumo acelerado e da obsolescência tecnológica. O gerenciamento adequado desses resíduos e a reciclagem responsável são fundamentais para reduzir seu impacto ambiental e proteger a saúde humana / Imagem: Pixabay

Se analisarmos a crise ambiental pela ótica da globalização, veremos que as sociedades não conseguiram equilibrar adequadamente os diferentes modelos econômicos, o que impacta diretamente nas decisões que afetam o meio ambiente. Mas por que isso acontece? 

A resposta está na falta de políticas eficazes que promovam um desenvolvimento econômico mais equilibrado e reduzam a desigualdade social, assim como na ausência de aplicação efetiva das políticas ambientais. A desigualdade social — que se refere às diferenças no acesso a recursos, oportunidades e direitos entre diferentes grupos — está intimamente ligada à crise ambiental.

A desigualdade dentro das sociedades agrava a crise ambiental, pois cria condições que favorecem a sobreexploração dos recursos naturais, a poluição e o esgotamento dos ecossistemas. As comunidades mais pobres e marginalizadas, muitas vezes, são obrigadas a recorrer a práticas insustentáveis de subsistência — como o desmatamento ilegal, a pesca predatória e a agricultura intensiva — para sobreviver. 

Além disso, a falta de acesso a recursos e oportunidades limita sua participação em decisões políticas e na cobrança por políticas ambientais mais justas e equitativas.
Nesse sentido, a desigualdade social e a crise ambiental são manifestações de um sistema socioeconômico injusto e insustentável, que perpetua a exclusão e a marginalização de certos grupos enquanto estimula o consumo excessivo e a exploração desenfreada dos recursos naturais7, 8.

Outro problema grave é a baixa efetividade das políticas ambientais. Apesar da existência de leis e acordos — inclusive internacionais — para enfrentar os problemas ambientais, sua aplicação é frequentemente comprometida por diversos fatores, como falta de vontade política, escassez de recursos e ausência de capacidades técnicas9.

Mesmo que as políticas ambientais resultem de processos complexos de negociação entre diversos atores, muitas vezes são enfraquecidas desde sua formulação para atender a interesses de grupos de pressão poderosos, como indústrias e setores empresariais. 

Para que essas políticas sejam eficazes, é essencial haver recursos financeiros, infraestrutura, profissionais qualificados e mecanismos de fiscalização. No entanto, a falta de investimento e a má gestão costumam comprometer sua execução. A falta de articulação entre governos e setores envolvidos também dificulta ainda mais sua implementação10, 12.

Incêndios em áreas úmidasinteiros, afetando a biodiversidade, o clima e a qualidade de vida, mesmo fora das áreas diretamente impactadas. A conservação e a gestão sustentável dos recursos naturais são essenciais para mitigar esses efeitos./ Imagem: Alzenir

A atual crise ambiental nos lembra que nosso estilo de vida e nossas atividades econômicas têm consequências diretas no meio ambiente13. É imperativo mudar de rumo, buscando um modelo de desenvolvimento mais sustentável e justo. Enfrentar a crise ambiental exige reconhecer a interdependência entre a relação ser humano-natureza, os efeitos da globalização nos modelos econômicos, a desigualdade social, e a importância da aplicação efetiva das políticas ambientais.

Para isso, são necessárias ações coordenadas entre governos, empresas e cidadãos. Somente com uma abordagem integrada e colaborativa será possível reverter a tendência atual e garantir um futuro saudável para as próximas gerações — e para o nosso precioso planeta Terra.

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Para mais informações:

  1. R. B. J. C. Van Noort, “The Present Environmental Crisis,” Stud. Environ. Sci., vol. 45, pp. 3–14, 1991, doi: 10.1016/S0166-1116(08)70353-4.
  2. A. Mercado Maldonado and A. Ruiz González, “El concepto de las crisis ambien-tales en losteóricos de la sociedad del riesgo.,” Espac. Públicos, vol. 9, no. 18, pp. 194–213, 2006.
  3. J. Sachs, “Globalization In The Era Of Environmental Crisis.,” Int. Trade Forum, vol. 1, pp. 7–10, 2010, [Online]. Available: https://www.proquest.com/scholarly-journals/globalization-era-environmental-crisis/docview/734608543/se-2
  4. F. Estenssoro, “Historia De América Latina En La Política Ambiental Mundial. De Estocolmo 1972 A Río De Janeiro 2012,” Rev. Direito em Debate, vol. 29, no. 54, pp. 6–20, Nov. 2020, doi: 10.21527/2176-6622.2020.54.6-20.
  5. P. Á. Meira Cartea, “Crisis ambiental y globalización: Una lectura para educa-dores ambientales en un mundo insostenible,” Trayectorias, vol. 8, no. 20–21, pp. 110–123, 2006.
  6. I. Cardoso Hernández and F. Gouttefanjat, “Sustentabilidad, tecnología ambien-tal y regeneración ecosistémica: retos y perspectivas para la vida,” Univ. y Soc., vol. 14, no. 2, pp. 142–157, 2022.
  7. B. Mahnkopf, “Desigualdad social o giro a ‘economía verde’:¿ respuesta adecuada para la crisis epocal del capitalismo?,” Mundo Siglo XXI, vol. 10, no. 32, pp. 23–36, 2014.
  8. S. Nión Celio, “Actores sociales y ambiente,” Rev. Ciencias Soc., vol. 34, no. 48, pp. 7–12, 2021.
  9. J. M. Luna-Nemecio, “Sustentabilidad y acumulación de capital: disyuntivas ge-opolíticas ante la crisis ambiental mundializada,” ECOCIENCE Int. J., no. 4, pp. 6–19, Mar. 2021, doi: 10.35766/ecocience.21.3.4.1.
  10. F. Estenssoro Saavedra, “Crisis Ambiental Y Cambio Climático En La Política Global: Un Tema Crecientemente Complejo Para América Latina,” Universum (Talca), vol. 25, no. 2, 2010, doi: 10.4067/S0718-23762010000200005.
  11. M. L. A. Zuluaga and G. R. Morales, “El enfoque de la gobernanza y su recepción en el marco gubernativo actual de las sociedades latinoamericanas,” Opinião Pú-blica, vol. 20, no. 3, pp. 480–495, Dec. 2014, doi: 10.1590/1807-01912014203480.
  12. M. E. De león, “Degradación de la sociedad: Crisis ambiental y cambio climáti-co,” Rev. Panameña Ciencias Soc., vol. 3, pp. 32–44, 2023.


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