Os mosquitos anofelinos (Anopheles) são popularmente conhecidos como “mosquito-prego” ou “mosquito-sovela”. Na região Amazônica, o principal vetor responsável pela transmissão da malária é o Anopheles darlingi. Os mosquitos precisam da floresta e dos ambientes aquáticos para realizarem seu ciclo de vida. Em um processo chamado de metamorfose completa, semelhante ao das borboletas, passam pelas etapas de ovo, larva, pupa e mosquito adulto.
As formas imaturas dos anofelinos se desenvolvem em ambientes aquáticos denominados criadouros, que podem ser classificados como naturais ou artificiais. Os criadouros naturais compreendem os rios, riachos, lagoas, braços de rios e igarapés. Os artificiais são ambientes aquáticos modificados pelo homem, como os tanques de piscicultura, piscinas abandonadas, barragens, pneus, valas, poças de olaria, etc. A estrutura e a qualidade desses ambientes são de extrema importância para esta espécie e várias outras que dependem da água para seu desenvolvimento.
As modificações na floresta Amazônica acabam alterando o ciclo de vida de diversas espécies, inclusive dos mosquitos, que são responsáveis por várias doenças de importância médica, tais como a malária, febre amarela, e muitas outras. Na região metropolitana da cidade de Manaus, existem muitos criadouros artificiais amplamente distribuídos, principalmente tanques de piscicultura, poças de olaria e barragens, que acabam incrementando na quantidade de habitats disponíveis para os anofelinos.
Além da disponibilidade de criadouros artificiais espalhados pela área urbana e rural de Manaus, a qualidade da água desses ambientes também afeta a permanência e abundância das larvas desses mosquitos. Algumas variáveis indicadoras da qualidade da água como a condutividade elétrica e os nutrientes, são associados positivamente com a presença de três destas espécies nos criadouros, denominados tanques de piscicultura (A. albitarsis, A. peryassui e A. nuneztovari.
Durante o estudo, foi possível identificar uma grande quantidade de larvas de mosquitos nos criadouros com uma boa qualidade da água e presença de plantas aquáticas. As barragens apresentam essas características, com a presença de muitos indivíduos das espécies A. triannulatus e A. darlingi.
Esses novos ambientes contribuem para o aumento dos casos de malária na região, com impacto na saúde da população. Estes ambientes surgem em consequencia do avanço urbano em direção à floresta, e, portanto, a implantação de estratégias de controle dos mosquitos vetores é extremamente importante, especialmente nas áreas rurais e periurbanas das cidades no Amazonas, onde é observada uma alta concentração desses criadouros artificiais.
Artigo original disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0085562618300062?via%3Dihub