Cientistas de todo o mundo “marcham” por mais ciência

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Algumas iniciativas de divulgação científica estão acontecendo pelo mundo. Estas auxiliam a chegada do conhecimento até a população e têm por objetivo mostrar à sociedade e aos representantes políticos que a ciência é um bem comum; que é, pode e deve ser aberta a toda a comunidade!

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Sem ciência não tem futuro

No dia Mundial da Terra (22/04) cientistas e pesquisadores reuniram-se em aproximadamente 600 cidades do mundo para a “Marcha pela Ciência”. Criada inicialmente por pesquisadores e consultores científicos americanos, teve como objetivo atrair a atenção da sociedade civil para a importância que a Ciência tem em nossas vidas, e mostrar o quanto pode e tem nos proporcionado em termos de qualidade de vida e desenvolvimento econômico.

Cada cidade teve sua agenda, reivindicando questões locais. Nos EUA, por exemplo, a maior preocupação, e as discussões, foram geradas entorno da criação de políticas públicas e decisões políticas que são consideradas sem evidências científicas. O corte nos investimentos para centros de pesquisas importantes nos EUA também tem provocado tensão e instabilidade nas instituições de pesquisas, desde a área da saúde à proteção ambiental.

Uma pesquisa sobre a cultura científica latino-americana realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2016, indicou que a América Latina e o Caribe passaram por um momento de auge das políticas de ciência, tecnologia e inovação, com um importante aumento no investimento em pesquisa e desenvolvimento experimental na última década. No entanto, atualmente estamos passando por um momento de crise política que afeta diretamente a pesquisa, com cortes no financiamento de diversas áreas. No Brasil, por exemplo, cortes em orçamentos para a ciência não são novidade para o setor, que vêm sentindo reduções cada vez mais ostensivas no orçamento desde 2014. Tais reduções culminaram o ano passado na junção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com o Ministério das Comunicações, que compartilham hoje, orçamento único de cerca de 3,3 bilhões de reais. Para melhor visualizarmos os números, a professora Helena Nader – presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) – demostrou que para cada R$ 100,00 gastos pelo governo, somente R$ 0,32 são destinados para a ciência. O Ministério do Meio Ambiente, órgão do Governo Brasileiro que não é valorizado nem mesmo em momentos de crescimento econômico, também recebeu cortes orçamentários que chegam a 43% (R$ 335,5 milhões). Esses cortes podem afetar projetos contra o desmatamento na Amazônia e proteção de Unidades de Conservação Federal.

Diante de tantos descasos, organizadores de movimentos estão atuando pelo mundo! Além da “Marcha pela Ciência”, na semana passada (dias 15, 16 e 17 de maio) foi realizado o Pint of Science, em mais de 100 cidades em 11 países. Este movimento tem como objetivo levar os cientistas a lugares (como bares, cafés e restaurantes) para apresentar e debater assuntos interessantes e assim oferecerem a oportunidade de conhecimento em formato acessível ao público. Tudo para mostrar à sociedade comum e representantes políticos que a ciência é um bem comum; que é, pode e deve ser aberta a toda a comunidade; que deve ser considerada quando da criação de políticas públicas, e reconhecida não como um gasto comum, mas investimento para desenvolvimento e aquecimento de uma economia em crise.

Pint of Science

As ações para a divulgação científica têm aumentado, no entanto sua prioridade nas agendas dos órgãos Nacionais e Internacionais de financiamento à Ciência e Tecnologia, às políticas públicas específicas e os quadros legais para a popularização da ciência são insipientes e precisam de maior fortalecimento. Atuações entre as Universidades e Instituições de Pesquisas envolvendo a sociedade civil são fundamentais para a compreensão da importância que a Ciência apresenta na vida de todos. Hernan Chaimovich – ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – sugere ainda, mais ações envolvendo a formação de professores de ensino médio, para melhor instrumentalizar o ensino de Ciências nas escolas, para estimular o interesse de alunos e desenvolver pensamento crítico de futuros cidadãos. Afinal, marcha é movimento. E quem melhor para movimentar mentes do que a Ciência?

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Para mais informações:

  1. http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/04/25/pelo-mundo-todo-marcha-da-ciencia-chama-atencao-para-problemas-locais/
  2. https://www.ifsc.usp.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4818:marcha-pela-ciencia&catid=7:noticias&Itemid=224
  3. https://www.abrasco.org.br/site/noticias/conhecimento-inovacao-tecnologia/ciencia-brasileira-ultimos-suspiros-por-helena-nader-e-luiz-davidovich/28038/
  4. http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/FIELD/Montevideo/pdf/SC-PoliticasPublicasInstrumentosCltCientificaALC.pdf
  5. http://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2016/12/argentina-funcionarios-ocupam-ministerio-da-ciencia-contra-cortes-de-macri-9266.html
  6. http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2017/01/cientistas-brasileiros-denunciam-cortes-no-financiamento-de-pesquisas.html
  7. http://pintofscience.com.br/
  8. http://www.oeco.org.br/reportagens/governo-corta-43-do-orcamento-do-ministerio-do-meio-ambiente/


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