O que está acontecendo na maior selva do mundo durante o período de isolamento pela COVID-19?

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Enquanto boa parte da população da América de Sul permanece em isolamento pela COVID-19, a floresta amazônica desaparece aceleradamente no Brasil e na Colômbia.

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Mineração de ouro na Amazônia brasileira

O mundo assiste à evolução da pandemia da COVID-19, enquanto uma catástrofe ambiental ocorre no norte da América do Sul - que parece passar despercebida pelos governos regionais envolvidos. Durante o primeiro semestre de 2020, o desmatamento na Amazônia aumentou dramaticamente, principalmente nos territórios brasileiro e colombiano.

 Segundo a mídia local, em ambos os países o processo responde ao mesmo esquema, que consiste em derrubar a floresta, deixá-la secar, queimar e invadi-la. Uma vez assumidas as terras “vagas”, são usadas para várias atividades, principalmente pecuária extensiva, além da mineração ilegal, o cultivo ilegal e a construção de estradas. 

Sete países fazem parte da Amazônia e, três deles (Bolívia, Brasil e Colômbia) estão entre os cinco mais desmatados do mundo, de acordo com o World Resources Institute (WRI).

Durante os primeiros quatro meses de 2020, em meio à contingência da COVID-19, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil informou que 1.202 km2 foram desmatados, indicando um aumento de 55% em relação ao mesmo período do ano anterior. Da mesma forma, eles prevêem que, no final deste ano, esse número pode chegar a 16 mil km2 desmatados, sendo o número mais alto observado desde a criação e implementação do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, em 2004.

Desmatamento na Amazônia colombiana

Do outro lado da fronteira, na Colômbia país que perdeu 6,7 milhões de hectares de floresta nas últimas três décadas em todo o território― o Sistema de Informações Ambientais do Instituto Sinchi registrou que, durante o período de quarentena, de março a maio de 2020, foram detectados 12.953 pontos de calor (pontos com anomalias de temperatura que podem desencadear incêndios florestais) nos estados da Amazônia, comparados aos 4.691 registrados em março de 2019, representando um aumento de 276 % em apenas um ano. Confirmando essas informações, a Fundação para a Conservação e o Desenvolvimento Sustentável (FCDS) relata que entre os meses de janeiro e abril deste ano, cerca de 75.031 hectares de floresta amazônica desapareceram. Apesar da gravidade da situação, em abril de 2020 o governo colombiano informou quais regiões do país são mais afetadas, incluindo a Amazônia, embora não tenha divulgado números oficiais de desmatamento.

Diante desse panorama de desmatamento descontrolado, a Procuradoria Geral da República solicitou formalmente ao governo colombiano que declarasse um estado de emergência ecológica e ambiental, para que seja possível tomar ações efetivas voltadas para a restauração, proteção e conservação dos locais de grande importância ecológica. Uma solicitação que quase dois meses depois ainda não foi respondida. 

Embora a Amazônia seja uma das regiões mais importantes do mundo em termos ambientais, por abrigar uma grande diversidade de fauna e flora, regular o clima regional e determinar a disponibilidade de água doce no sul do continente, parece ser mais valorizada como recurso econômico através da exploração (principalmente ilegal) do que para conservação.

Amazônia e diversidade no Brasil

A resposta do estado não poderia ser mais controversa. No Brasil, o governo liderado pelo Ricardo de Aquino Salles, ministro do Meio Ambiente, aconselha sua equipe a aproveitar a pandemia da COVID-19 para relaxar a regulamentação ambiental e, na Colômbia, o partido do governo durante sessões semipresenciais no Congresso da República lançou recentemente um projeto para permitir a exploração de petrolífera na região, no entanto o projeto não foi aprovado. Dessa forma, enquanto grande parte da população permanece isolada, a Amazônia brasileira e colombiana é devastada. Consequências já são percebidas na parte sul do continente americano, na bacia do rio Paraná, onde se vê o nível de seus rios diminuir e é previsto uma seca severa, pois está chegando o fim da estação chuvosa na Amazônia, da qual seus níveis de umidade dependem. 

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Para mais informações:

  1. https://www.lanacion.com.py/mundo/2020/05/08/nuevo-record-de-deforestacion-en-la-amazonia-brasilena/?fbclid=IwAR3M69pUk1SnM3sjh0UHC3Fz5Gaps9wCCKBUB5tCcfSuPj-18qxh1ebhNGU
  2. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/05/08/alertas-de-desmatamento-na-amazonia-crescem-em-abril-mostram-dados-do-inpe.ghtml
  3. https://sostenibilidad.semana.com/actualidad/articulo/procuraduria-pide-declarar-emergencia-ecologica-y-climatica-en-colombia-por-la-deforestacion/50234?fbclid=IwAR2FNmUmc5Ns1nXTinh3r-fK0sEbB18JmpblpZacx1_HFlOf_WSwGQHvM6Q
  4. https://sostenibilidad.semana.com/impacto/articulo/estan-aprovechando-la-cuarentena-para-quemar-la-selva-corpoamazonia/49489
  5. https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2020/05/desmatamento-da-amazonia-uma-tragedia-anunciada.shtml
  6. https://www.airedesantafe.com.ar/sociedad/escudado-la-pandemia-bolsonaro-acelera-la-destruccion-del-amazonas-brasil-n154340?fbclid=IwAR2dRIo-ffaSPBeaykttf_hOeSQe_vfx8V0Itk9k6iXThGIkUSoV_R8pX8k?fbclid=IwAR2dRIo-ffaSPBeaykttf_hOeSQe_vfx8V0Itk9k6iXThGIkUSoV_R8pX8khttps://cnnespanol.cnn.com/2020/05/23/ministro-en-brasil-sugiere-que-el-gobierno-aproveche-la-pandemia-para-relajar-las-regulaciones-ambientales/
  7. https://www.eltiempo.com/vida/medio-ambiente/se-cayo-propuesta-de-hacer-explotacion-de-petroleo-en-la-amazonia-498270
  8. https://sostenibilidad.semana.com/impacto/articulo/sucumbe-la-amazonia-colombiana-75000-hectareas-deforestadas-este-ano/51466


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